Oposição lexical em Portugal

Na segunda metade do século XX, Luís Lindley Cintra efectuou um estudo sobre as áreas lexicais no território português, concluindo que existem diversos tipos de estruturação lexical em Portugal. No entanto, chamou particular atenção para a oposição lexical que existe entre duas regiões: uma, a noroeste e oeste, que se estende a norte do rio Tejo, e que exclui os distritos da Guarda, de Castelo Branco e o oriente do distrito de Bragança; e uma outra região que ocupa o restante Portugal Continental. A zona de noroeste-oeste é mais conservadora, mantém os vocábulos mais antigos e não é tão propensa a inovações, em oposição à zona sul-leste que aceita mais facilmente os novos vocábulos. O autor estabelece um paralelo entre estas zonas e a dinâmica do povoamento do território: a primeira zona corresponde a um Portugal densamente povoado, onde as populações têm raízes profundas e são mais avessas a inovações, enquanto a segunda zona assistiu ao repovoamento nos séc. XII e XIII, foi ocupada por populações de várias proveniências que se instalaram em novas localidades e que eram propensas a aceitar novas formas de viver e de falar. Para o autor, é esta oposição entre as duas regiões que “parece estar na base de um dos traços essenciais – talvez o mais significativo – na estruturação lexical do território português.” (CINTRA 16)


Bibliografia:

– Cintra, L. F. “Áreas lexicais no território português” in Boletim de Filologia, vol XX. Lisboa: Centro de Estudos Filológicos, 1962. pp. 273-307


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