A epopeia é a mais antiga das manifestações literárias. Trata-se de um poema narrativo de grandes dimensões que celebra uma acção grandiosa protagonizada por um herói com qualidades excepcionais. Embora a epopeia tenha fundamentos históricos, ela não apresenta os acontecimentos com fidelidade. Ela relata os acontecimentos revestindo-os com conceitos morais e actos exemplares, funcionando como modelo de comportamento. De acordo com o Dicionário de Literatura Portuguesa (Editorial Presença, 1996), “a literatura épica está intimamente ligada a tradições remotas, concretizadas na epopeia (do grego epopoiía), género narrativo em que se contam acções heróicas e grandiosas, essencialmente baseadas num imaginário e num tempo míticos.”
Em Poética, Aristóteles considera que a epopeia seria uma imitação de homens superiores, com palavras e ajuda do metro heróico, o mais imponente e elevado dos metros. Para ele, a narrativa épica não possui limite, nem de espaço nem de tempo. A epopeia desenvolve o seu enredo, com diversos episódios, em torno de uma acção única e completa, com princípio, meio e fim.
Os primeiros modelos ocidentais das epopeias são os Poemas Homéricos (Ilíada e Odisseia). Para além destes, destacaram-se ainda Eneida, do poeta latino Vergílio, e Os Lusíadas, do português Luís Vaz de Camões. Ilíada desenvolve-se em torno da Guerra de Tróia e do guerreiro Aquiles. Odisseia narra as aventuras do herói Ulisses, no seu retorno a casa, Ítaca. Eneida narra a saga de Eneias e a fundação de Roma. Os Lusíadas celebram os feitos marítimos dos Portugueses.
Resumindo, podemos afirmar que a epopeia: i) é uma narrativa extensa com um fundo histórico, mesmo se por vezes apresenta factos que não são históricos; ii) regista, sob a forma poética, as tradições e os valores de determinado povo ou grupo étnico, recorrendo por vezes a lendas e a mitos; iii) apresenta as aventuras, reais ou lendárias, de heróis que se destacaram dos demais mortais.
Bibliografia:
– Aristóteles. Poética. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 2018
– Machado, Álvaro (org.). Dicionário de Literatura Portuguesa. Lisboa: Editorial Presença, 1996
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